Artigo
Avenida florida novamente
Por Evoti Leal
Barbeiro e escritor
Vocês se lembram daquela crônica que escrevi, sob o título "Para onde foram todos?", lá pelo mês de março, bem chateado por ver a avenida Bento Gonçalves tão vazia, tão desértica, sem flores e praticamente sem a sua tradicional feira de artesanato?
Fazia pouco tempo que chegáramos de volta à cidade e desconhecíamos as novas dinâmicas do setor.
Logo, entre as poucas bancas que iam se instalando nos domingos consecutivos, ainda em meio a um movimento de pessoas quase perto de zero, uma colega nos informou que havia outras feiras itinerantes, organizadas e espalhadas pela cidade, em datas mais específicas, das quais poderíamos participar. Ela, então, nos deu o contato de uma das organizadoras dessas feiras.
Em resumo: passamos a participar e a granjear novas amizades, ganhando um novo colorido para os nossos finais de semana, especialmente nos sábados.
Mas a feira de domingo prosseguia no nosso roteiro. Algumas vezes chovia e não dava para irmos. Outras vezes, íamos, mas voltávamos para casa ainda entristecidos pela frequência tão diminuta de público a passear naquele espaço tradicional da cidade.
E veio a ameaça das cheias também para Pelotas, diante da desastrosa enchente que assolou a região da Grande Porto Alegre, dos vários municípios banhados pelos rios que deságuam no Lago Guaíba. E chuva, muita chuva, interrompendo o ciclo de todas as feiras.
Até que, no domingo passado, fez um dia bonito, ensolarado e frio, à moda inverno pelotense.
Antes, fomos até lá pra ver se haveria outras bancas já instaladas. Havia sim. Então, pegamos nossos apetrechos e os nossos produtos e fomos. Armamos nosso gazebo, arrumamos tudo e, olhem só o que foi que nós vimos: uma avenida florida, vibrante e bela.
Não, não havia flores, no sentido literal da palavra florida. Havia muitas pessoas, flores humanas, famílias, casais, vozes e sorrisos descontraídos. Todo mundo encasacado. Mantas e toucas coloridas. Até vendemos algumas peças! Mas o mais gratificante foi ver a avenida bem movimentada, com muita gente pegando aquele solzinho gostoso da tarde de invernia em pleno outono.
A avenida voltou a ficar florida como dantes se via.
Embora não haja flores plantadas nos seus canteiros, nem no parque que fica bem ali em frente à nossa quadra, para mim, ela está florida novamente. Porque os humanos, quando sorriem, também são belas flores a enfeitarem este mundo.
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